Apresentacao
Hari Om
Queridos colegas, alunos e amigos, este blog foi feito apenas para facilitar o envio das noticias aqui pela India e para quem quiser saber como esta a correr a viagem. Vou tentar actualizar periodicamente o blog com as novidades. Quem quiser contactar pode continuar a escrever para o meu e-mail pessoal Hugogustavo@hotmail.com.Toda esta viagem esta a ser uma optima experiencia e tambem bastante intensa por isso e que tambem quero partilhar esta experiencia com todos :) As saudades tambem apertam.
Peco desculpa por escrever tudo um bocado a pressa devido a ter poucas oportunidades para aceder a internet e peco tambem desculpa pela escrita porque os teclados aqui na India nao tem pontuacao.
Queridos colegas, alunos e amigos, este blog foi feito apenas para facilitar o envio das noticias aqui pela India e para quem quiser saber como esta a correr a viagem. Vou tentar actualizar periodicamente o blog com as novidades. Quem quiser contactar pode continuar a escrever para o meu e-mail pessoal Hugogustavo@hotmail.com.Toda esta viagem esta a ser uma optima experiencia e tambem bastante intensa por isso e que tambem quero partilhar esta experiencia com todos :) As saudades tambem apertam.
Peco desculpa por escrever tudo um bocado a pressa devido a ter poucas oportunidades para aceder a internet e peco tambem desculpa pela escrita porque os teclados aqui na India nao tem pontuacao.
Chegada a India
Depois de um voo estafante de 9 horas de Londres para Mumbai a ver filmes de Bollywood para me distrair, aterro em Mumbai pelas 23h30. Um pouco antes de aterrar, o avião teve de dar umas 5 ou 6 voltas por cima de Mumbai para fazer tempo porque não havia lugar na pista por isso ja nao estava la muito bem disposto com aquelas voltas todas. Esta minha chegada foi a pior parte da viagem ate agora, estava cansadissimo, o aeroporto era uma confusao e eu so pensava em levantar a minha bagagem antes que desaparecesse naquela confusao. Assim que me aproximei da saida deparei-me com uma serie de cabines de cambio com uma serie de indianos a gritarem para eu fazer o cambio nas suas cabines, depois de perguntar a uns quantos qual era o valor da Rupia percebi que por ali era tudo igual e entao escolhi a primeira cabine e cambiei apenas 100 euros pagar o taxi e mais alguns gastos necessarios (mais tarde descubri que fui enganado com o valor da rupia). Na saida do aeroporto felizmente encontrei logo 1 senhor com uma placa a dizer K.K. Travels, era o servico de taxis que eu tinha contractado para ir para a cidade de Nasik que fica perto do Ashram Yoga Vidya Gurukul onde estou a tirar o curso. Depois de uma hora e meia de espera, la chegou o Taxi. Segui numa viagem de 4 horas estafadissimo e com o coracao nas maos devido a conducao caotica daqui, isto ja eram umas 0h30. Durante o caminho deparei-me com o choque inevitavel da miseria na India, num percurso de meia hora vi dezenas de pessoas a dormirem nas ruas miseravelmente em condicoes minimas. No taxi vinham 3 Indianos e 1 rapariga Tailandesa chamada Tha que quase nao falava Ingles (perguntei-me varias vezes como e que ela ia conseguir fazer o curso em Ingles). Depois de umas horas de caminho em conversa com um senhor Indiano Tecnico de Construcao Civil e poucas palavras trocadas com a Tailandesa que tambem parecia estafada, descobri que aquela hora talvez nao fosse possivel o Ashram estar aberto. O senhor Indiano (lamento nao me lembrar do nome) foi muito amavel e ligou para o Ashram onde nos indicaram para nos dirigirmos para o Escritorio que fica a uns 30 Km do Ashram. Ao chegarmos eram umas 4h30 da manha, o escritorio eram uns barracoes e parecia fechado, depois de bater numas janelas, um senhor indiano levantou-se e abriu-nos a porta. Estava tudo muito escuro e com todo o respeito o sitio tinha um aspecto terrivel, o senhor levou-me para uma sala grande onde durmiam dois indianos no chao e disse que se quisesse podia durmir ali. la me instalei, abri o saco de cama no chao e fiquei a olhar para o tecto. Estava estafadissimo, nao conseguia durmir e para ajudar a festa fui mordido uma serie de vezes por mosquitos, com aquele cansaco todo a minha 'hipocondriaquisse" veio ao de cima e ja pensava para mim: "acabei de chegar e ja apanhei malaria e sei la mais o que". 15 minutos depois os senhores do ashram levantaram-se e comecaram a fazer a sua higiene pessoal numa casa de banho junto a sala. Perguntei a um dos senhores ate que horas podia ficar ali e ele respondeu-me que daqui a 30 minutos iria comecar 1 aula de yoga naquela sala, levantei-me fui para a porta do Escritorio esperar o Taxi para o Ashram.
Chegada ao Ashram
Depois de apanhar o Taxi, finalmente cheguei ao Ashram eram umas 10h. Conheci logo uma serie de alunos e sem pensar apresentei-me com 2 beijinhos a uma aluna como qualquer pessoa faria normalmente, so mais tarde compreendi as regras do Ashram, tudo o que seja abracos ou beijinhos e quase considerado atentado ao pudor, mas acho que inicialmente nao levariam a mal. Estava cansadissimo e a precisar de umas boas horas de sono. Apos fazer a inscricao fui para o meu quarto onde estava um rapaz Irlandes mais alto do que eu a fazer meditacao, escolhi uma cama e mais tarde conheci o segundo companheiro de quarto da Belgica com os seus 50 anos e que se despediu do seu emprego e decidiu aventurar-se pela India. Penso que tive muita sorte com os meus companheiros de quarto pois ambos sao pessoas espectaculares. Nessa mesma noite nao consegui durmir muito bem ou quase nada, custou um pouco a habituar-me aos horarios e ao regime do Ashram.
Ashram Yoga Vidya Gurukul
O Ashram
Muito resumidamente vou indicar o dia a dia no Ashram.
Todos os dia acordamos entre as 4h30 e as 5h da manha, como tenho feito meditacao por meia hora, todos os dias tenho acordado as 4h30. As 5h servem-nos apenas para quem quiser um cafe de soja branco (nunca tinha visto nada assim e sabe a tudo menos a cafe) mas dizem ser muito rico em proteinas. As 5h30 comeca uma sessao de mantras, 11 Omkars, 11 Maha Mrityujayamantras, 11 Gayatri mantras, 1 vez Durga mantra (32 nomes de Durga), 3 Omkars e 3 Om Shanti, Tenho de admitir que apesar de todo o sono que tive nos primeiros dias tudo me corria bem depois desta sessao. Por voltas das 6h15 comecamos a aula de yoga por 2h. Pelas 8h15 Karma Yoga durante uma hora, limpar a sala de jantar, esfregar o chao da sala de yoga, ajudar na cozinha, apanhar ervas daninhas no esterior do Ashram (passados uns 3 dias estavam la todas outra vez), tudo o que fosse preciso. Felizmente mais tarde depois de saberem que eu desenhava ofereceram-me o cargo de pintura e durante uns dias apenas fiquei a desenhar numa sala com mais uns poucos colegas. Inicialmente pensei que o Karma yoga ia ser um pouco aborrecido mas acabei por apreciar bastante e era tambem uma optima oportunidade para os alunos se conhecerem melhor. Entre as 9h e as 10h tinhamos o pequeno almoco com imensa fruta e uns pratos que por vezes eram bons e outras nao conseguia muito bem perceber se faziam sentido comer no pequeno almoco. Entre as 10h e as 11h e 11h e as 12h tinhamos as aulas de teoria em que varios professores ministravam conforme a aula, desde anatomia no Yoga com um medico, varios tipos de yoga, Filosofia, hatha yoga, Ashtanga yoga de Patanjali com varios professores do Ashram, algumas bases de Ayurveda ligadas ao Yoga com um medico Ayurvedico, etc. As aulas de teoria achei que eram bastante ricas e com professores muito bons de varias areas. Entre as 12h e as 15h15 era a nossa hora de almoco e descanso ou estudo, na realidade era mais estudo porque tinhamos tanta materia, trabalhos para entregar e exames que nao havia tempo quase para mais nada mas foi positivo na aprendisagem. Entre as 15h15 e as 16h15 mais uma aula de teoria e logo de seguida mais 2 horas de practica de Yoga. Entre as 19h30 e as 20h30 tinhamos o jantar e depois do jantar ocorria sempre alguma coisa para fazer opcional, ou sessoes de mantras e conversacao sobre assuntos ligados ao yoga, Satsangs, Musica e Danca (Bhajans), discussoes de grupo, perguntas e respostas e historias da India. Entre as 21h30 e as 22h30 estava quase tudo a dormir. Tinhamos apenas um dia de folga por semana em que poderiamos ir a uma vila, cidade ou descansar\estudar no Ashram.
Todos os dia acordamos entre as 4h30 e as 5h da manha, como tenho feito meditacao por meia hora, todos os dias tenho acordado as 4h30. As 5h servem-nos apenas para quem quiser um cafe de soja branco (nunca tinha visto nada assim e sabe a tudo menos a cafe) mas dizem ser muito rico em proteinas. As 5h30 comeca uma sessao de mantras, 11 Omkars, 11 Maha Mrityujayamantras, 11 Gayatri mantras, 1 vez Durga mantra (32 nomes de Durga), 3 Omkars e 3 Om Shanti, Tenho de admitir que apesar de todo o sono que tive nos primeiros dias tudo me corria bem depois desta sessao. Por voltas das 6h15 comecamos a aula de yoga por 2h. Pelas 8h15 Karma Yoga durante uma hora, limpar a sala de jantar, esfregar o chao da sala de yoga, ajudar na cozinha, apanhar ervas daninhas no esterior do Ashram (passados uns 3 dias estavam la todas outra vez), tudo o que fosse preciso. Felizmente mais tarde depois de saberem que eu desenhava ofereceram-me o cargo de pintura e durante uns dias apenas fiquei a desenhar numa sala com mais uns poucos colegas. Inicialmente pensei que o Karma yoga ia ser um pouco aborrecido mas acabei por apreciar bastante e era tambem uma optima oportunidade para os alunos se conhecerem melhor. Entre as 9h e as 10h tinhamos o pequeno almoco com imensa fruta e uns pratos que por vezes eram bons e outras nao conseguia muito bem perceber se faziam sentido comer no pequeno almoco. Entre as 10h e as 11h e 11h e as 12h tinhamos as aulas de teoria em que varios professores ministravam conforme a aula, desde anatomia no Yoga com um medico, varios tipos de yoga, Filosofia, hatha yoga, Ashtanga yoga de Patanjali com varios professores do Ashram, algumas bases de Ayurveda ligadas ao Yoga com um medico Ayurvedico, etc. As aulas de teoria achei que eram bastante ricas e com professores muito bons de varias areas. Entre as 12h e as 15h15 era a nossa hora de almoco e descanso ou estudo, na realidade era mais estudo porque tinhamos tanta materia, trabalhos para entregar e exames que nao havia tempo quase para mais nada mas foi positivo na aprendisagem. Entre as 15h15 e as 16h15 mais uma aula de teoria e logo de seguida mais 2 horas de practica de Yoga. Entre as 19h30 e as 20h30 tinhamos o jantar e depois do jantar ocorria sempre alguma coisa para fazer opcional, ou sessoes de mantras e conversacao sobre assuntos ligados ao yoga, Satsangs, Musica e Danca (Bhajans), discussoes de grupo, perguntas e respostas e historias da India. Entre as 21h30 e as 22h30 estava quase tudo a dormir. Tinhamos apenas um dia de folga por semana em que poderiamos ir a uma vila, cidade ou descansar\estudar no Ashram.
Karma yoga temporario de pintura
Alguns alunos do Ashram (dia de folga)
Vista em redor do Ashram
Processos de Limpeza e Purificacao (Shutkarma)
Durante o curso tivemos oportunidade de aprender alguns processos de Limpeza e tambem de experimentar uns quantos. Admito que nao adorei o processo de Vamana (vomito) bebi cerca de 8 copos de agua morna com sal ate comecar a vomitar e depois de terminar fiquei com algumas dores de cabeca, mas passou rapido.
Jala Neti
Vamana
Dentista em Nasik
Algo que eu nao esperava desta viagem foi o numero de vezes que fui ao dentista, ou para ser mais claro nem esperava ir ao dentista na India.
Surpreendentemente a India tem muitos bons dentistas e medicos. Este dentista foi-me aconselhado pelo Ashram e juntamente com alguns alunos durante as nossas folgas fomos tratar dos dentes por um preco irrisorio. Arrangei oito dentes e ainda fiz uma pequena cirurgia a laser devido as minhas gengivas estarem a descer junto aos dentes da frente. Durante as consultas tive oportunidade de conversar bastante com dentista que se interessava por todas as novidades do Ocidente. Se tudo correr bem nao terei de me preocupar com dentistas por uns 2 anos :D
Surpreendentemente a India tem muitos bons dentistas e medicos. Este dentista foi-me aconselhado pelo Ashram e juntamente com alguns alunos durante as nossas folgas fomos tratar dos dentes por um preco irrisorio. Arrangei oito dentes e ainda fiz uma pequena cirurgia a laser devido as minhas gengivas estarem a descer junto aos dentes da frente. Durante as consultas tive oportunidade de conversar bastante com dentista que se interessava por todas as novidades do Ocidente. Se tudo correr bem nao terei de me preocupar com dentistas por uns 2 anos :D
Sala da cirurgia
Old Nasik
Trimbak
Pintura na parede do Ashram
Felizmente tive a oportunidade de deixar uma recordacao :)
Pintura Final
Turma do Curso T.T.C. Sept 2009 (infelizmente faltam alguns alunos que partiram mais cedo)
Concerto na festa de final de curso
Graduacao final, entrega do diploma com Guruji
Foto com musicos depois de um Concerto de Musica Classica Indiana em Kochin (Kerala)
Banho e limpeza de uma elefanta chamada Sunita num rio em Kerala perto de Trissur
A vertiginosa Sunita :)
Yoga Guru
Certo dia na cidade de Kochin acordei cheio de vontade de fazer uma aula de Yoga.
Já tinham passado uns dias desde o final do curso e apesar de manter a minha prática diária no quarto do hotel, apetecia-me uma aula de yoga, numa sala de yoga com uma turma de alunos indianos com um professor indiano, tudo muito indiano.
Segurei no meu tapete de yoga cor-de-laranja comprado no Ashram e fui para as ruas de Fort Kochin à procura de uma escola de yoga.
Junto à estrada deparei-me com umas setas tortas desenhadas nuns postes de electricidade que diziam YOGA. Tentei seguir as setas e, passado algum tempo, comecei a sentir a sensação de que estava a participar num jogo que jogava quando criança, a Caça ao Tesouro. Depois de muitas voltas, muitos passos e indicações erradas das pessoas que passavam na rua perdi o rasto das setas. Passados uns minutos, consegui finalmente encontrar a última seta mal desenhada que apontava para um beco. Entrei nesse estreito beco e fui dar a uma zona de quintais e muros. No meio daqueles quintais, e com a sensação de estar a invadir a casa de alguém, mesmo assim lá continuei o meu percurso. Finalmente, fui dar a uma porta enferrujada com um papel afixado: Escola de Yoga Vedanta.
O nome entusiasmou-me bastante e deixou-me cheio de vontade de fazer a aula que estava supostamente prestes a começar. O que não me entusiamou muito foi o facto de não ter lá ninguém dentro. Depois de de ter batido umas quantas vezes à porta e tocado à campainha, uma simpática rapariga, surgida de um daqueles quintais misteriosos, disse-me que não estava ninguém. Desapontado e triste, estava a regressar lentamente para o Hotel e pensei: "Não, hoje tenho de fazer uma aula de yoga dê por onde der!". Uns dias antes, tinha visto um cartaz de aulas de Yoga que ficavam numa zona mais distante e, felizmente, ainda me lembrava do nome da rua, apanhei um rikcho (táxi) e disse ao condutor apenas três palavras: "Yoga, College Road".
Finalmente, lá cheguei ao meu destino. Bati num portão vermelho de ferro e um senhor com todo o aspecto de Guru de Yoga disse-me para entrar. Ao entrar, reparei no cenário de uma casa bem tratada e com um belíssimo pátio, era a sua casa e escola. Subi umas escadas para o andar de cima e entrei na aula de yoga onde se encontrava um dos seus discipulos, um rapaz indiano chamado Francis. Enquanto o professor não chegava, apresentámo-nos e conversámos um pouco sobre yoga. Mais tarde, chegaram uns quantos alunos indianos e o professor e lá começamos a aula. A aula era muito no estilo tradicional de Hatha Yoga e Ashtanga Yoga de Patanjali mas com algumas adaptações interessantes do Guru a quem chamavam de Abe.
No final da aula que me preencheu bastante, conversei um pouco com o Abe e desci as escadas para ir a sua casa buscar um cartão com o seu contacto. Quando entrei na casa, estavam alguns alunos e discípulos sentados na conversa e reparei nalguns instrumentos musicais espalhados pela sala onde nos encontrávamos. Sem hesitar, perguntei quem tocava guitarra, ao que me responderam que alguns daqueles alunos tocavam e que o Abe também tocava.
Resultado... Ficámos umas quatro horas a tocar e a cantar Mantras todos juntos e, curiosamente, o Guru Abe também adorava Bob Dylan, entre outros músicos. Foi então que começámos com um repertório de Kirtan, Rock, Blues, etc. Ainda me atrevi a tocar Jimmy Hendrix e foi aí que eles entraram em euforia de felicidade "Samadhica".
Depois de um dia como este, saí de barriga cheia, não só pela óptima aula de yoga, como também pela sessão de música Rock Espiritual.
Dois dias mais tarde, voltei lá para fazer mais uma aula de Yoga. No final da aula, tive oportunidade de conversar com Abe sobre Filosofia e práticas de Yoga e, de facto, estava na presença de um Homem com imensa experiência, conhecimento e de uma modéstia impressionante.
Antes de me despedir, olhei para o meu estimado tapete de Yoga que tinha usado durante todo o curso e que tinha um valor muito especial, e pensei: "Bem, tenho de ser desapegado.". Sem pensar duas vezes, ofereci aquilo que tinha naquele momento mais precioso a Abe. Entusiasmado e todo feliz pelo gesto, ofereceu-me, de seguida, um CD gravado por ele com umas práticas de Yoga.
Este dia foi muito especial e, se possível, adorava conseguir uma oportunidade para trazer o Abe a Portugal para dar umas Palestras sobre Yoga. Abe também dá cursos de Yoga em Kochin e faz palestras nalguns países sobre as semelhanças entre as várias Religiões e sobre Yoga.
Já tinham passado uns dias desde o final do curso e apesar de manter a minha prática diária no quarto do hotel, apetecia-me uma aula de yoga, numa sala de yoga com uma turma de alunos indianos com um professor indiano, tudo muito indiano.
Segurei no meu tapete de yoga cor-de-laranja comprado no Ashram e fui para as ruas de Fort Kochin à procura de uma escola de yoga.
Junto à estrada deparei-me com umas setas tortas desenhadas nuns postes de electricidade que diziam YOGA. Tentei seguir as setas e, passado algum tempo, comecei a sentir a sensação de que estava a participar num jogo que jogava quando criança, a Caça ao Tesouro. Depois de muitas voltas, muitos passos e indicações erradas das pessoas que passavam na rua perdi o rasto das setas. Passados uns minutos, consegui finalmente encontrar a última seta mal desenhada que apontava para um beco. Entrei nesse estreito beco e fui dar a uma zona de quintais e muros. No meio daqueles quintais, e com a sensação de estar a invadir a casa de alguém, mesmo assim lá continuei o meu percurso. Finalmente, fui dar a uma porta enferrujada com um papel afixado: Escola de Yoga Vedanta.
O nome entusiasmou-me bastante e deixou-me cheio de vontade de fazer a aula que estava supostamente prestes a começar. O que não me entusiamou muito foi o facto de não ter lá ninguém dentro. Depois de de ter batido umas quantas vezes à porta e tocado à campainha, uma simpática rapariga, surgida de um daqueles quintais misteriosos, disse-me que não estava ninguém. Desapontado e triste, estava a regressar lentamente para o Hotel e pensei: "Não, hoje tenho de fazer uma aula de yoga dê por onde der!". Uns dias antes, tinha visto um cartaz de aulas de Yoga que ficavam numa zona mais distante e, felizmente, ainda me lembrava do nome da rua, apanhei um rikcho (táxi) e disse ao condutor apenas três palavras: "Yoga, College Road".
Finalmente, lá cheguei ao meu destino. Bati num portão vermelho de ferro e um senhor com todo o aspecto de Guru de Yoga disse-me para entrar. Ao entrar, reparei no cenário de uma casa bem tratada e com um belíssimo pátio, era a sua casa e escola. Subi umas escadas para o andar de cima e entrei na aula de yoga onde se encontrava um dos seus discipulos, um rapaz indiano chamado Francis. Enquanto o professor não chegava, apresentámo-nos e conversámos um pouco sobre yoga. Mais tarde, chegaram uns quantos alunos indianos e o professor e lá começamos a aula. A aula era muito no estilo tradicional de Hatha Yoga e Ashtanga Yoga de Patanjali mas com algumas adaptações interessantes do Guru a quem chamavam de Abe.
No final da aula que me preencheu bastante, conversei um pouco com o Abe e desci as escadas para ir a sua casa buscar um cartão com o seu contacto. Quando entrei na casa, estavam alguns alunos e discípulos sentados na conversa e reparei nalguns instrumentos musicais espalhados pela sala onde nos encontrávamos. Sem hesitar, perguntei quem tocava guitarra, ao que me responderam que alguns daqueles alunos tocavam e que o Abe também tocava.
Resultado... Ficámos umas quatro horas a tocar e a cantar Mantras todos juntos e, curiosamente, o Guru Abe também adorava Bob Dylan, entre outros músicos. Foi então que começámos com um repertório de Kirtan, Rock, Blues, etc. Ainda me atrevi a tocar Jimmy Hendrix e foi aí que eles entraram em euforia de felicidade "Samadhica".
Depois de um dia como este, saí de barriga cheia, não só pela óptima aula de yoga, como também pela sessão de música Rock Espiritual.
Dois dias mais tarde, voltei lá para fazer mais uma aula de Yoga. No final da aula, tive oportunidade de conversar com Abe sobre Filosofia e práticas de Yoga e, de facto, estava na presença de um Homem com imensa experiência, conhecimento e de uma modéstia impressionante.
Antes de me despedir, olhei para o meu estimado tapete de Yoga que tinha usado durante todo o curso e que tinha um valor muito especial, e pensei: "Bem, tenho de ser desapegado.". Sem pensar duas vezes, ofereci aquilo que tinha naquele momento mais precioso a Abe. Entusiasmado e todo feliz pelo gesto, ofereceu-me, de seguida, um CD gravado por ele com umas práticas de Yoga.
Este dia foi muito especial e, se possível, adorava conseguir uma oportunidade para trazer o Abe a Portugal para dar umas Palestras sobre Yoga. Abe também dá cursos de Yoga em Kochin e faz palestras nalguns países sobre as semelhanças entre as várias Religiões e sobre Yoga.
Yoga Guru
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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